Parte III
A nave–tuba, com espantosa velocidade, chegou à Lua quase num piscar de olhos.
– Segundo crê o nosso Mestre – disse Puck, lendo a partitura dada por Oberon – é bastante provável que a primeira nota esteja enterrada no único satélite da Terra, a Lua. Vejam sua superfície.
A superfície iluminada da Lua exibia milhares de crateras.
– São vulcões extintos? – perguntou Ludi.
– Não, não – respondeu Ariel. – Estas crateras resultam do impacto de meteoritos que se chocaram com a Lua. No entanto, não creio que o Gênio do Mal tenha escondido qualquer coisa neste lado iluminado. Calibã prefere a escuridão. Devemos dirigir nossa busca à face oculta da Lua.
A nave–tuba deu a volta, entrando no hemisfério invisível do satélite. Pousaram. Ludi, focinho no chão, começou sua tarefa de farejar...
– Está por aqui. Posso senti-la... A nota dó foi enterrada nesta imediação, snif, snif... – farejava Ludi, como um perdigueiro caçador. – Está aqui, encontrei!
Suas patas dianteiras começaram a cavar, a cavar, abrindo mais uma craterazinha na Lua. O que ele havia dito antes, sobre gostar de cavar buracos, era a mais pura verdade.
– Achei! – disse, retirando do buraco, com a boca, a nota dó, coberta de poeira lunar. – Está viva! Venha Puck, guarde-a dentro de você. Ei, o que é isso? Cuidado, amiguinhos, fujam, fujam!
Neste instante, uma chuva de meteoritos, uma espécie de granizo cósmico, começou a cair. A nave-tuba, num deslocamento veloz, recolheu, de imediato, os seus tripulantes, um instante antes que o bombardeio de pedras os atingisse.
– Ufa! – exclamou Puck, dentro da segurança da nave, que deixava a Lua. – Esta foi por pouco! Escapamos de boa.
– No entanto, amiguinhos, tenho uma péssima informação para todos nós. – disse Ariel, muito sério. – Aquela chuva de meteoritos não aconteceu por acaso. Tenho a certeza de que Calibã já conhece a nossa missão e nos vigia. Doravante, todo o cuidado será pouco.
Logo chegaram ao primeiro planeta do sistema solar, Mercúrio, ali pertinho do Sol. Notaram que a superfície do planeta era bem parecida com a da Lua, mas com muitas crateras irradiando riscos brilhantes. Ali, Ludi não farejou a presença de nenhuma nota musical.
Vênus, o próximo planeta, surgiu envolto em nuvens brancas. Os amigos se espantaram ao descobrir que o planeta tem o seu movimento de rotação contrário ao da Terra. Ademais, a única coisa que Ludi farejou, quando se aproximavam, foi um cheiro muito ruim de ácido sulfúrico... Calibã, com certeza, havia envenenado a atmosfera do planeta com o intuito de matar os heróis, que deram meia–volta, saindo bem depressa dali.
Passaram novamente pela Terra, o planeta azul, nosso lar, e seguiram em direção a Marte, o planeta vermelho – cor esta devida à sua atmosfera rosada. E foi dentro da cratera de um gigantesco vulcão que Ludi farejou e desenterrou a nota ré, colocada imediatamente dentro do brincalhão Puck, este, a cada instante, mais feliz. Tiveram de escapar rapidamente de Marte, pois os dois satélites do planeta vermelho, Fobos e Deimos, guerreiros beligerantes, a mando de Calibã, tentaram alcançá–los para destruí–los.
Em seguida, a nave-tuba atravessou, cuidadosamente, um mar de asteróides, chegando a Júpiter, o planeta coberto por faixas de nuvens coloridas. E foi no interior da grande nuvem de fósforo vermelho que Ludi descobriu a nota mi, imediatamente guardada dentro do flautim.
Prosseguiram. Saturno, o mais belo dos planetas, impressionou os amiguinhos, com a visão magnífica de seus anéis. E, seguindo as instruções contidas na partitura de Oberon, Ludi acabou por descobrir a nota fá enterrada em Titã, um dos dez satélites de Saturno.
A nota sol foi descoberta em Urano, o planeta esverdeado, e a nota lá em Tritão, uma lua de Netuno. Não foi nada fácil. Calibã tentou eliminar os heróis, com as mais terríveis e traiçoeiras armadilhas: erupções vulcânicas, gases venenosos, avalanches e assim por diante. Não conseguiu, porém, atingir o seu maléfico objetivo, graças à esperteza e inteligência dos amigos...
Assim, seguindo passo a passo as informações da partitura do Mestre Oberon, os pequenos valentes foram encontrar a última nota, o meigo si, congelado na superfície do distante Plutão. O Sol, visto de onde se encontravam, parecia apenas uma estrela maior. Pronto, agora o time estava completo dentro de Puck, que não cabia em si de tamanha felicidade.
Ariel riscou, na superfície do gelo, cinco linhas horizontais, desenhando, do lado esquerdo, uma clave de sol.
– Pronto, agora é com vocês – disse para Puck e Ludi.
O flautim aproximou seu bocal prateado do focinho de Ludi.
– Vamos, amiguinho, sopre–me agora suavemente. Mas bem depressa, que está muito frio, neste planeta.
Ludi soprou com cuidado e carinho.
O acorde, formado pelas notas musicais, bailou suave na atmosfera, pousando sobre as linhas desenhadas por Ariel. E, num encantamento, puderam ler a chave do enigma:
“De dentro do qual nada pode sair, nem mesmo luz."
***
– Nada pode sair? – latiu Ludi.
– Nem mesmo luz? – gemeu Puck.
Ariel conhecia prisões.
– O Buraco Negro! A Música foi aprisionada no Buraco Negro! – exclamou Ariel. – A mais segura gaiola do universo. A própria moradia de Calibã! Eis o enigma revelado!
– Buraco Negro?! – espantou–se Ludi. O que vem a ser isso?
Ariel respirou fundo.
– Um aspirador, Ludi. Não um aspirador de pó comum, desses que os humanos usam na faxina de suas casas. Porque além de ser invisível, o Buraco Negro, com sua força de gravidade imensurável, é um aspirador de universos. Voltemos para a nave-tuba. Já conhecemos o nosso destino.
– Nem mesmo luz? – gemeu Puck.
Ariel conhecia prisões.
– O Buraco Negro! A Música foi aprisionada no Buraco Negro! – exclamou Ariel. – A mais segura gaiola do universo. A própria moradia de Calibã! Eis o enigma revelado!
– Buraco Negro?! – espantou–se Ludi. O que vem a ser isso?
Ariel respirou fundo.
– Um aspirador, Ludi. Não um aspirador de pó comum, desses que os humanos usam na faxina de suas casas. Porque além de ser invisível, o Buraco Negro, com sua força de gravidade imensurável, é um aspirador de universos. Voltemos para a nave-tuba. Já conhecemos o nosso destino.
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