sexta-feira, 12 de novembro de 2010

EU PERGUNTEI AO VELHO SE ELE QUERIA MORRER

"A vida é isso, um fiapo de luz que termina na noite." Esta frase, assinalando sem delongas a transitoriedade, encontra-se numa obra-prima - Viagem ao fim da noite - do escritor maldito Louis-Ferdinand Céline. À primeira vista pode parecer que a transitoriedade é algo muito triste. Qual o que! Thomas Mann, meu autor de cabeceira, diz que ela, a transitoriedade é a alma do ser, é aquilo que proporciona à vida, valor, dignidade e interesse, pois ela cria o tempo. Onde não há transitoriedade, princípio e fim, nascimento e morte, não há tempo - e a falta de tempo é o nada estagnado, o desinteressante absoluto. Santificar o Tempo, criar, eis o dom concedido ao Homem. "... e isso é essencial para o criador - dançar enlaçado ao Tempo...", lasquei lá pelas tantas no Juca Peralta. E agora você pergunta: E o que isso tem a ver com aquele "Eu perguntei pro velho se ele queria morrer", encimando este discurso. Esclareço: este é o título de um livro de contos de José Rezende Jr., prêmio Jabuti. Pudera. Nesta obra, o leitor é levado a participar de uma dança de amor - às vezes macabra - que ocorre entre os personagens e o Tempo. Genial.

Um comentário:

  1. Esta interessante introdução, da vontade de ler o trabalho de José Rezende Jr. A vida e a morte realmente são apenas, duas fases de transcurso da existência, como diz Lavoisier "Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Pessoalmente, eu tenho um ponto de vista agnóstico em relação ao resultado final da existência, como os pitagóricos eu tenho a convicção, que a metempsicose não é nenhum mito! Para qualificar L.F. Céline, eu prefiro ouvir falar dele como autor visionário, ou ainda autor antisystem, do que autor maldito.

    Alain Conny

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