Estou lendo Os negócios extraordinários de um certo Juca Peralta, de Sérgio Mudado, publicado pela Editora Crisálida. Leio lentamente. Quero toda a beleza do texto, a complexidade da trama e do tempo desta narrativa que me surpreende cada vez que a retomo.
Digo retomo porque (morram de inveja!) eu a vi nascendo. Por um desses mistérios do acaso, Sérgio Mudado e eu nos tornamos amigos via internet, desde que ele publicou Vassallu. Sérgio veio lançá-lo em São Paulo e algumas amigas livreiras me convidaram. Eu fui, comprei, pedi autógrafo e devorei o livro. Em seguida mandei um e-mail para ele – que me deu seu endereço – com um comentário sobre o livro. Dali em diante nos correspondemos sempre e, quando estava começando a escrever “Juca Peralta”, mandou-me alguns capítulos. Foi, uma vez mais, um susto, mas um susto muito maior do que o do Vassallu. Não porque se possa comparar um ao outro, mas porque a literatura de Sergio Mudado tinha se tornado mais audaciosa, tanto no tema quanto em seu tratamento. Uma história que poderia ser banal, era, nas mãos e na mente de Mudado, uma imensa aventura. E não estava distante no tempo (as Cruzada) ou no espaço (o Oriente Médio), como em Vassallu. Estava agora bem próxima, ali mesmo na curva da história do Brasil onde o trem apita, por assim dizer. Era contemporânea e, se não era conhecida, é culpa da imensa ignorância que teimamos em manter sobre nossa própria história.
A estrutura narrativa da obra era surpreendente e o tempo deixara de ser linear. A história ia e vinha no tempo enlouquecido da narrativa e comentários de seus personagens. Sergio Mudado ia tecendo, capítulo a capítulo, um tapete de fatos e vivências dos personagens. O tecido era feito da magia e do sonho que está no ato mesmo de criar. Enquanto construía esse tecido colorido e complexo, eu o acompanhava à distância. Quando o releio agora, já plasmado em livro, com uma capa linda e uma edição cuidada, levo novos sustos. Já não é o mesmo texto; a historia está mais rica; as paisagens, mais vivas; os personagens revelam novos traços e nuances. Como foi que eu não vi antes? Isto é parte da magia de Os negócios extraordinários de um certo Juca Peralta.
Logo trago uma resenha – que jamais fará justiça à obra – apenas para que possamos pensar juntos. Antes disso, vão lendo, vão lendo...
Edith Piza – SP 23/11/2010
Edith Piza me emociona. Novamente.
ResponderExcluirSérgio