segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

AS PRIMÍCIAS

Retirei deste blog o texto "Criação e Morte I" e devo, nos próximos dias, repostá-lo, completo. Assim terei deixado aqui para o leitor uma pequena novela, com início meio e fim, que se originou do seguinte modo: em primeiro lugar o par de hérnias de disco na minha coluna lombar não se tratou de ficção, antes fosse. Depois vem o meu interesse pelo processo de criação literária que vai de encontro com a vida e a obra de Thomas Mann e sua família. No livro correspondência entre amigos, mantida entre T.Mann e Hermann Hesse, me chamou a atenção o suicídio do filho mais velho de Mann, Klaus, apelidado carinhosamente de Eissi Klaus Mann suicidou muito jovem e o pai, além de não ter ido aos funerais, deu pouca importância ao trágico acontecimento em suas cartas a Hesse. Apenas, depois de provocado, responde que admite que sua vida e obra haviam lançado uma pesada sombra sobre Klaus. Baseado e instigado por isso, criei uma peça de teatro, fazendo uma espécie de anatomia do suicídio de Klaus, que atormentado pelas drogas, acreditou que o seu pai havia feito um pacto com o Diabo (como Adrian Leverkühn em Doktor Fausto), oferecendo ao Demônio não a própria alma, mas uma idéia pra lá de diabólica: dar a uma vítima qualquer um enorme talento, mas uma ambição sempre maior. E Klaus acredita que o Diabo sigilou o trato, aplicando o castigo nele próprio, que teve sua vida literária sempre ofuscada pela sombra do pai. Recebeu um talento, mas desgraçadamente, uma ambição sempre maior. E o Diabo o convence ao suicídio, como saída honrosa de um futuro literário medíocre. Isto, em verdade, aconteceu com uma irmã de Thomas Mann, Karla, atriz ambiciosa e medíocre. Suicidou-se ingerindo cianureto capaz de matar um batalhão. Karla, depois Klaus e a coisa não parou aí. O irmão de Klaus, Michael Mann, músico, ( o único familiar que compareceu ao enterro de Klaus, em Cannes), depois que lê os diários do pai, também morre em decorrência da ingestão de soporíferos e álcool. Que família! Minha peça "Klaus" foi escrita antes que eu soubesse que o trágico destino de Michael também estivesse associado à questão paterna. Ora, por que lhes conto tudo isso? Porque em Criação e Morte, texto que dentro em pouco ficará completo neste espaço, tudo isto é abordado de uma maneira curiosa, ficcional e surpreendente, na qual a minha própria vida e pretensão literária se confrontarão com com a obra e as histórias extraordinárias dos Mann.

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